27.8.10

Arriba!

Eu sei exatamente o que se passa na cabeça de um brasileiro quando o assunto é México: novela, pimenta e tequila, muita tequila. A questão é que essa viagem me foi muito útil nessa coisa de conhecer novas culturas. E estou aqui, relativamente gabaritada, para dizer que nem só de novela, pimenta e tequila vivem os mexicanos. Se eu aprendi uma coisa nessa viagem é que os mexicanos sabem se divertir. Tudo bem, nessa coisa de se divertir tem mesmo muita tequila. Mas seja como for, eles parecem saber encontrar a felicidade em qualquer lugar.
Eu acho que quando se está longe de casa você passa a procurar uma nova casa. Um novo sentimento de lar, de mãe e pai, de colo quente. Os mexicanos, especialmente a Alê e o Ernesto, dois queridíssimos, ajudaram a fazer de Liverpool a casa que eu procurei fora da minha casa. Eu não sei bem dizer de onde surgem certas empatias. É fato que de todos os estudantes, brasileiros e mexicanos construíram uma relação mais próxima. Talvez a língua, o sangue latino e a disposição para fazer festa tenham ajudado. Mas eu acho que as afinidades vão bem além.
Primeiro, nosso jeito de se divertir é bem parecido: música e álcool. É fato que eles bebem MUITO mais do que os brasileiros, em geral. A propósito, eles nos fizeram experimentar uma bebida que muito me agradou (bem mais do que os doces de pimenta e tamarindo). A Michelada é feita de cerveja, suco de limão, sal e molho de pimenta. Eles têm até técnicas para beber. É um tal de viver o copo, colocar a mão em baixo e... eu não consegui. Derrubei toda a cerveja na minha roupa. Anyway, as baladas com os mexicanos eram sempre engraçadíssimas. A cor, a alegria, a energia era sempre sempre contagiante.
O Ernesto foi comigo para Londres. Lá conversamos muito sobre México e Brasil, como conversei diversas outras vezes com a Alê. Ser jovem em um país subdesenvolvido da américa nos faz iguais em muitos pontos. Temos uma história em comum, temos problemas em comum, temos medos e inseguranças em comum. Temos sonhos em comum. Quando eles me contavam, com tristeza, dos problemas de segurança do México, da questão dos traficantes de drogas e da violência eu podia balançar a cabeça e com toda certeza dizer: "eu sei bem como é". Como eles sabem exatamente o que é viver um um país onde tudo que depende do estado não funciona lá muito bem. Passávamos horas discutindo política, discutindo educação, discutindo segurança. Passávamos horas falando sobre sonhos, planos, sobre futuro dentro ou fora de nossos países de origem. Passávamos horas fazendo uma coisa que os ingleses nunca entenderiam: sendo jovens cidadãos da América subdesenvolvida.
Esse post é totalmente dedicado a eles, que fizeram tão parte da minha viagem, e que farão parte da mim por muito tempo.
Para ouvir: Para Lennon e McCartney - Milton Nascimento
Fotos (de cima para baixo): 1. brasileiros e mexicanos na Meet; 2. Eu e Alê; 3. brasileiros e mexicanos no Cavern; 4. Eu, Henrique, Ernesto e Alex em Londres; 5. Alê, Eu, Ernesto e a tal da Michelada no 15; 6. brasileiros e mexicanos na festinha de despedida no 15.
Até Já,
Paula Vidal

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