2.9.10

Paula? A zuada?

No post passado eu disse que estava tomando coragem para me expor. Pois bem. Coragem tomada, texto escrito, Paula exposta. Mas dessa vez o texto não é de autoria minha. Pela primeira vez meu blog recebe uma participação especial. Especialíssima, aliás: meu namorado. Ele inventou a história toda, nada mais justo que ele a conte.
Com vocês, Antonio Ledo me expondo:

Liverpool além de tudo que já foi descrito, além dos acontecimentos e das amizades formadas, trouxe um novo vocabulário ao grupo. Em diversas línguas, vinda de diversas pessoas, escutávamos “que onda ¿”, “qual a questão?”... Mas nenhuma frase fez tanto sucesso nem foi tão repetida como: PAULA ? A ZUADA ? O que há por trás dessa frase repetida por pessoas das mais diversas nacionalidades ? Mexicanos, Ingleses, Chineses, Brasileiros a entoaram ao longo dos dias, e para entender, vamos voltar ao seu surgimento... Tudo começou em um final de tarde no número 15 do Tudor Close. Após combinarem que sairiam a noite, estavam no mesmo quarto cinco brasileiros e um jovem mexicano, que aceitara o convite de seus novos amigos tupiniquins para sair a noite, e por curiosidade, resolvera perguntar o significado de algumas palavras e frases em português. Os Brasileiros, por sua vez, felizes em ajudar, excederam a curiosidade do garoto mexicano, e o ensinaram as mais diversas palavras que eles usavam em seu dia-a-dia.
Enquanto o mexicano conversa com dois brasileiros sobre o novo vocabulário adquirido, os outros, impacientes, resolvem recapitular quem faltava para se juntar a eles... e entre a contagem de nomes, aparece um.... a própria... Paula ! Na tentativa de dar alguma referência para nosso amigo da terra do
Chaves lembrar quem era, apareceu na roda o adjetivo “ZUADA”. Eis então que começam a se formar ideias de não contar a ele o real significado de zuada, e sim, incitá-lo a chamar alguém assim... e porque não, ela, Paula ? Após singelamente acreditar que aquilo seria uma boa forma de se apresentar, Ernesto, o pobre mexicano, consegue aprender a pronunciar corretamente e com entonação a nova frase aprendida. Com o toque do interfone, é hora de descer e encontrar a outra parte do grupo, em que estaria também, Paula. Com as câmeras ligadas, os maldosos brasileiros aguardavam ansiosamente pela reação da colega. Então começa o diálogo...


- This is Ernesto... – Henrique apresenta
ooooooooooooi?

- Ernesto... – Paula Responde

- Paula... – Ernesto pergunta

- Paula ! – Paula confirma


- A zuada ? – Ernesto cumpre a missão

Bom, a cara de Paula Vidal já diz tudo...

Ela tenta achar o culpado, e de primeira acusa :

- FOI O ANTÔNIO NÉ?

Apesar de até hoje não aceitar que a origem da frase foi conjunta, ela ficou marcada em todos ali presentes, que se encarregaram de espalhar aos quatro cantos de Liverpool a famosa frase. Após tutores, professores, e funcionários da faculdade terem repetido, e até o cover de Ringo Starr do Cavern Club ter dito a frase após o show, pense, e fale você também...

- Paula? A zuada?

Para conferir os vídeos:





Texto por Antonio Ledo
Até Já,
Paula Vidal

1.9.10

Ao campeão dos campeões!

Hoje, 1º de setembro de 2010, o meu amado, adorado e idolatrado, Sport Club CORINTHIANS Paulista, completa cem anos. Cem anos de futebol, cem anos de paixão, cem anos de glória. Passei só para desejar parabéns a toda nação alvi-negra, que grita, chora e é Corinthians a cada momento e aos Gaviões que sabem que a corrente jamais será quebrada!

"De Jorge a força que vem lá do céu, a Ti serei FIEL!"

Ao meu vô João, onde estiver, que viveu pelo Corinthians e me ensinou a NUNCA abandonar!


PARABÉNS TIMÃO!

Até Já,
Paula Vidal

31.8.10

Happy Ending

Cada dia que passa Liverpool vai ficando mais distante. Hoje, não por acaso, Liverpool chegou mais perto de mim. Hoje soube que o último perdido pela saga européia voltou. Agora estamos todos aqui e eu posso, mesmo que por pouco, me sentir um tantinho como me senti por lá. Das pessoas com quem mais convivi no meu universo paralelo, eu fui a primeira a voltar pro Brasil. Além da falta de Liverpool, do meu namorado, das pessoas que ficaram na Inglaterra ou em algum lugar do continente europeu, eu senti muita falta de alguém que pudesse se sentir como eu. Acho que só agora consegui dizer um tchau, não menos doído, mas mais conformado para todos os momentos incríveis que passei.
Estamos marcando o primeiro encontro da galera de Liverpool. É um alívio saber que sentimos saudades. É um alívio saber que não nos deixamos para trás. Afinal, duvido que Liverpool seria a mesma sem as pessoas, mas o Brasil vai ser sempre melhor com elas por perto.
Ah, o Henrique fez um vídeo super gracinha de despedida das seis semanas. Ele colocou no Youtube hoje e aqui vai ele:



Para quem voltou agora: welcome to reality:)
p.s.: estou tomando coragem para me expor e explicar aqui essa história (que muita gente já sabe) de "Paula, a zuada" Mas acho que vou precisar de uma ajudinha do meu digníssimo namorado para isso.
Até Já,
Paula Vidal

27.8.10

Arriba!

Eu sei exatamente o que se passa na cabeça de um brasileiro quando o assunto é México: novela, pimenta e tequila, muita tequila. A questão é que essa viagem me foi muito útil nessa coisa de conhecer novas culturas. E estou aqui, relativamente gabaritada, para dizer que nem só de novela, pimenta e tequila vivem os mexicanos. Se eu aprendi uma coisa nessa viagem é que os mexicanos sabem se divertir. Tudo bem, nessa coisa de se divertir tem mesmo muita tequila. Mas seja como for, eles parecem saber encontrar a felicidade em qualquer lugar.
Eu acho que quando se está longe de casa você passa a procurar uma nova casa. Um novo sentimento de lar, de mãe e pai, de colo quente. Os mexicanos, especialmente a Alê e o Ernesto, dois queridíssimos, ajudaram a fazer de Liverpool a casa que eu procurei fora da minha casa. Eu não sei bem dizer de onde surgem certas empatias. É fato que de todos os estudantes, brasileiros e mexicanos construíram uma relação mais próxima. Talvez a língua, o sangue latino e a disposição para fazer festa tenham ajudado. Mas eu acho que as afinidades vão bem além.
Primeiro, nosso jeito de se divertir é bem parecido: música e álcool. É fato que eles bebem MUITO mais do que os brasileiros, em geral. A propósito, eles nos fizeram experimentar uma bebida que muito me agradou (bem mais do que os doces de pimenta e tamarindo). A Michelada é feita de cerveja, suco de limão, sal e molho de pimenta. Eles têm até técnicas para beber. É um tal de viver o copo, colocar a mão em baixo e... eu não consegui. Derrubei toda a cerveja na minha roupa. Anyway, as baladas com os mexicanos eram sempre engraçadíssimas. A cor, a alegria, a energia era sempre sempre contagiante.
O Ernesto foi comigo para Londres. Lá conversamos muito sobre México e Brasil, como conversei diversas outras vezes com a Alê. Ser jovem em um país subdesenvolvido da américa nos faz iguais em muitos pontos. Temos uma história em comum, temos problemas em comum, temos medos e inseguranças em comum. Temos sonhos em comum. Quando eles me contavam, com tristeza, dos problemas de segurança do México, da questão dos traficantes de drogas e da violência eu podia balançar a cabeça e com toda certeza dizer: "eu sei bem como é". Como eles sabem exatamente o que é viver um um país onde tudo que depende do estado não funciona lá muito bem. Passávamos horas discutindo política, discutindo educação, discutindo segurança. Passávamos horas falando sobre sonhos, planos, sobre futuro dentro ou fora de nossos países de origem. Passávamos horas fazendo uma coisa que os ingleses nunca entenderiam: sendo jovens cidadãos da América subdesenvolvida.
Esse post é totalmente dedicado a eles, que fizeram tão parte da minha viagem, e que farão parte da mim por muito tempo.
Para ouvir: Para Lennon e McCartney - Milton Nascimento
Fotos (de cima para baixo): 1. brasileiros e mexicanos na Meet; 2. Eu e Alê; 3. brasileiros e mexicanos no Cavern; 4. Eu, Henrique, Ernesto e Alex em Londres; 5. Alê, Eu, Ernesto e a tal da Michelada no 15; 6. brasileiros e mexicanos na festinha de despedida no 15.
Até Já,
Paula Vidal

17.8.10

Pecadinho

Já procuraram no dicionário o significado literal de preguiça? Ei-lo: "1 pouca disposição para o trabalho; aversão ao trabalho; inação; mandriice 2 demora ou lentidão em fazer qualquer coisa; idôlência, moleza; morosidade, negligência (...)". Não é para menos que a pobre preguiça seja (mal) vista como pecado. Pois devo lhes dizer que me sinto pessoalmente ofendida com essa definição. Não que eu tenha pouca disposição ou aversão ao trabalho. Muito pelo contrário. Mas a minha lentidão é quase crônica. E vocês, se é que ainda há algum dos "vocês" por aí, já devem ter percebido. Tenho minhas explicações, caso queiram. Caso não, pulem para o próximo post.
Bom, como sabem eu passei algum tempo na Inglaterra. Como não sabem eu costumava estudar jornalismo antes de resolver passar um tempo na Inglaterra. E agora não estudo mais. Não estudo porque agora sou uma estudante de cursinho. Agora eu estudo física, química, matemática e derivados. Para quê? Para voltar a estudar jornalismo. Faz todo sentido, não? De qualquer forma não tem sido muito fácil acordar às 5h20 da manhã para estudar as matérias das quais eu fugi, como diabo da cruz, durante os três anos do ensino médio. Menos fácil foi ter que começar essa rotina uma semana depois de ter voltado de Liverpool, meu paraíso inglês. Além disso, há a minha, e tão minha, preguicinha. É óbvio que o blog ficou em segundo plano. Ainda tenho muito o que escrever sobre a viagem. Mas agora tenho muita coisa para escrever sobre a minha volta, sobre as coisas que tenho visto por aqui. Então eu acho que os textos não vão seguir uma linha cronológica racional (razão?). Agora que as coisas estão ficando mais leves eu vim me desculpar pela ausência e tentar a absolvição pela preguiça. Estou trabalhando na minha meta para doismilesempre: ser menos preguiçosa. Enquanto isso eu faço minhas as palavras de Zeca Baleiro: "Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo tende piedade dos pecadinhos, que de tão pequenininhos não fazem mal a ninguém."
Até já,
Paula Vidal

15.7.10

(des)percebendo Liverpool

De longe tudo é muito grande. Liverpool de lá, do Brasil, parecia mágica. Eu jurei pra mim mesma que quando chegasse aqui eu beijaria o chão, que aqui seria minha "terra santa". De perto você passa a ver as coisas com naturalidade e os dias fluem sem que você perceba. Só depois de uma semana por aqui eu resolvi que veria os lugares que sempre foram sagrados para mim. O plano era chegar aqui e ir correndo até Strawberry Field. O plano era peregrinar pelos beatle-places. O plano mudou. Eu não entrei em Mendips, não conheci o quarto do John. O Cavern Club é só um lugar bacana pra ouvir música e tomar cerveja com os amigos. E só depois de duas semanas olhando pela janela da cozinha e vendo o mesmo prédio, me dizem que foi ali que nasceu John Winston Lennon. O mito. O gênio. Eu não me abalei. Hoje de manhã fui até a cozinha, dei outra olhada. É, foi lá.
Um dia alguém me disse que os lugares são as pessoas. Liverpool é um lugar fantástico porque as pessoas que estão aqui comigo a transformaram em um lugar fantástico. Quanto aos Beatles, não, eles não estão aqui. É só um prédio, uma casa, é só uma faixa de pedestres. E eles não estão lá. Eles estão dentro de mim. Here, There and Everywhere.
Até Já,
Paula Vidal

14.7.10

"cultural diversity": chinese people


Os chineses não são um problema para mim. Não mesmo. Confesso que eles não são exatamente adeptos da política da boa vizinhança, que o banheiro não deveria estar cheio de produtos cujos rótulos eu não sei ler e que não deveria ter um creme de barbear em cima da mesa da cozinha. Tirando os pormenores ele são até simpáticos. Digo "até" porque quando, ocasionalmente, um ou outro resolve soltar um "hello" é, visivelmente, com muito esforço. Outro dia um deles foi bonzinho e abriu a porta pra mim, que tinha esquecido a chave. A minha questão é não ser a única no meio deles. Semana passada fui obrigada pelo professor a fazer um trabalho com duas chinesas. Passei 15 minutos tentando pronunciar o nome delas. Sem sucesso. Depois disso, as duas começaram a falar em chinês e entre um comentário e uma risada contida pela mão na frente da boca eu deduzi que elas estavam falando de mim. Pode até ser que não e mesmo que sim, tanto faz. Eu nunca vou mesmo saber sobre o que elas estavam falando. Quase no final da aula o professor começou a falar de Beatles e eu me animei. Quando as duas me disseram que não conheciam Beatles antes de vir pra Liverpool foi a gota d'água. Aí sim eu comecei a achar esse chineses muito estranhos.
Apesar dos pesares o bicho anda pegando mesmo no prédio 15. O problema começou quando os chineses resolveram levar a louça mal e porcamente. E depois de ter encontrado a pia da cozinha cheia de arroz, um dos moradores, que já não era um grande simpatizante dos orientais, declarou guerra. De fato os chineses de lá são folgados: é um tal de bater porta, de usar as coisas dos outros, de tirar as coisas dos outros do lugar. De lá pra cá "só podia ser chinês" é o que mais tem se ouvido (em português) nos corredores do 15. O tutor foi avisado -"qual o procedimento pra deportar?", "eu vou socar esses chineses" - da forma mais correta possível. Depois veio a advertência. Parece que a situação não melhorou. Os brasileiros, vingativos e raivosos, resolveram fazer justiça com as próprias mãos. Passaram a noite de ontem tentando cegar o machado que os chineses usam para cortar vegetais e depois usaram o mesmo pra destruir os hashis (vulgo "pauzinhos") dos coitados. A última notícia que eu tive sobre a situação do 15 é que um chinês supostamente bebeu a cherry coke de um brasileiro. E como com cherry coke não se brinca, o brasileiro não deixou barato. Abriu a geladeira e enfiou os dedinhos no arroz deles, no melhor estilo "meus germes". Não sei onde isso vai parar, mas enquanto ninguém sair na mão eu estou achando divertido. Isso que é cultural diversity, minha gente. E bota diversity nisso.
Foto por Antonio Ledo.
Até já,
Paula Vidal

12.7.10

Do lado de cá...


Perguntar para uma beatlemaníaca se quer estudar em Liverpool é como perguntar se macaco quer banana. Eu bem sei que vim pra cá pensando em Beatles, Beatles e Beatles e que o curso acabou se tornando um grande pretexto para que eu estivesse, finalmente, no lugar onde eu sempre quis estar. Por mais estranho que isso possa parecer, ainda mais vindo de mim, tudo o que tem acontecido aqui vai muito além de Beatles. Não, eu não deixei de ouvir Beatles o tempo todo e eu ainda acredito que "tudo que você precisa é amor". Mas é que pela primeira vez eu consigo entender o que é crescer. Por aqui as coisas são tão diferentes e só agora, com 18 anos, eu consigo provar um pouco da liberdade que as minhas saídas pela noite paulistana nunca me deram de verdade. A liberdade que me faz enxergar tudo isso que vem acontecendo com olhos reais, sem deslumbre, e mesmo assim conseguir aproveitar tudo ao máximo.
O Tudor Close (home, sweet home) é praticamente uma torre de babel. Brasileiros, turcos, mexicanos e chineses. Gente de todas as cores, de todos os tamanhos, falando línguas que eu não entendo, comendo coisas que não me agradam. E todos nós passamos por isso. Sair de casa para conviver com pessoas que não se parecem em nada com você é uma experiência pela qual todos deviam passar um dia. E, de repente, Liverpool passou a significar bem mais do que a terra dos Beatles. Bom, pelo menos pra mim. Eu vou começar (depois de 15 dias de viagem, eu sei) a escrever coisas interessantes que acontecem comigo aqui. Pra começar, um panorama real de Liverpool em 10 pontos:
  • Liverpool não é uma cidade portuária suja, fedida e cinza. Bom, cinza talvez, mas é culpa do céu. Tirando isso Liverpool é limpa e toda arrumadinha.
  • Os ingleses aqui não tomam chá da cinco e nem comem "fish and chips" loucamente.
  • Vá uma noite para a Concert Square e você vai ver que de caipira a galera daqui não tem nada!
  • Os pubs e as baladas não fecham às 2h da manhã. Tem balada que vai até às 8h!
  • A vida na Inglaterra não é absurdamente cara. Quem fala isso nunca fez compras na Primark...
  • Quem nasce em Liverpool é Liverpudlian, mas é popularmente conhecido como "scouser".
  • O inglês de Liverpool é um dialeto. Realmente parece que eles tem uma batata quente na boca!
  • Liverpool é uma cidade altamente cultural. Muitos museus, muitos teatros, muita coisa legal.
  • Os ingleses não são pessoas fechadas, mau-humoradas e frias. Pelo menos aqui, eles são super solícitos, simpáticos e muitíssimo educados.
  • E por fim, Liverpool não ouve, canta e respira Beatles o tempo todo. Mas eu sim ;)
Até já,
Paula Vidal